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Aqui vamos mostrar que a matemática não é um bicho de sete cabeças.. e pode ser muuito divertido!

domingo, 21 de novembro de 2010

TRIGONOMETRIA Hiperbólica.

unções exponenciais reais
A função exponencial é uma das mais importantes da Matemática. Esta função é definida por f:RR através de
f(t) = exp(t) = et
No plano R², podemos obter a reflexão do gráfico desta função em relação ao eixo OY, que nos dá outra função exponencial g:RR definida por
g(t) = exp(-t) = e-t
Os gráficos destas funções podem ser vistos abaixo.
Observamos que tais funções são positivas. f(t)=et (cor vermelha) é crescente e g(t)=e-t (cor azul) é decrescente.
Com estas funções, definimos outras funções da Matemática bastante utilizadas nas ciências em geral, inclusive na própria Matemática.


Cosseno hiperbólico e Seno hiperbólico
As funções cosseno hiperbólico e seno hiperbólico, são definidas, respectivamente, por:
      
A função cosh é positiva, enquanto que senh é positiva para parâmetros positivos reais, negativos para parâmetros negativos reais e se anula em t=0.
Com estas duas funções cosh (cor vermelha) e senh (cor azul), também podemos definir outras funções da Matemática.

Aplicação: Ao observar um fio usado para transporte de energia elétrica, preso em dois postes, notamos que o peso do mesmo faz com que ele fique meio arredondado, dando a impressão que o gráfico formado pela curva representa uma parábola, mas na verdade, tal curva é o gráfico da função cosseno hiperbólico, conhecida como a catenária (do Latim catena=cadeia) pois foi através de uma corrente metálica formada por elos (cadeias) que se observou primeiramente tal curva.


Tangente, Cotangente, Secante e Cossecante hiperbólicos
As funções tangente, cotangente, secante e cossecante hiperbólicos, são respectivamente definidas por:
tgh(t) = senh(t)/cosh(t)
coth(t) = cosh(t)/senh(t)
sech(t) = 1/cosh(t)
csch(t) = 1/senh(t)
quando os denominadores são diferentes de zero.


Relação fundamental da trigonometria hiperbólica
Ao tomar a diferença dos quadrados das funções cosh e senh, obtemos:
cosh²(t)-senh²(t)=[½(et+et)]²-[½(et+et)]²
efetuando as operações temos que
cosh²(t) - senh²(t) = 1

que é uma relação notável na Trigonometria hiperbólica.


Porque trigonometria hiperbólica?
A construção da trigonometria circular, é realizada sobre uma circunferência de raio unitário, dada por x²+y²=1. Tomando x=cos(t) e y=sen(t), observamos a relação fundamental da trigonometria circular:
cos²(t) + sen²(t) = 1
onde t é o ângulo (tomado em radianos).
Na construção da trigonometria hiperbólica, usamos uma curva denominada hipérbole, representada por x²-y²=1. Tomando x=cosh(t) e y=senh(t), observamos a relação fundamental da trigonometria hiperbólica:
cosh²(t) - senh²(t) = 1
onde t é um parâmetro real que pode ser interpretado geometricamente.


Trigonometria circular versus Trigonometria hiperbólica
Praticamente todas as propriedades da trigonometria circular podem ser transladadas para a trigonometria hiperbólica, com o cuidado de observar muitas vezes a troca do sinal de "+" pelo sinal de "-".
Trigonometria circularTrigonometria hiperbólica
x² + y² = 1x² - y² = 1
cos²(t) + sen²(t) = 1cosh²(t) - senh²(t) = 1
tg(t) = sen(t)/cos(t)tgh(t) = senh(t)/cosh(t)
cot(t) = cos(t)/sen(t)coth(t) = cosh(t)/senh(t)
sec(t) = 1/cos(t)sech(t) = 1/cosh(t)
csc(t) = 1/sen(t)csch(t) = 1/senh(t)
sen(2t)=2sen(t)cos(t)senh(2t)=2senh(t)cosh(t)
cos(2t)=cos²(t)-sen²(t)cosh(2t)=cosh²(t)+senh²(t)
tg(2t)=2tg(t)/(1-tg²(t))tgh(2t)=2tgh(t)/(1+tgh²(t))

Para as derivadas, temos a tabela:
Trigonometria circularTrigonometria hiperbólica
FunçãoDerivadaFunçãoDerivada
sen(t)cos(t)senh(t)cosh(t)
cos(t)-sen(t)cosh(t)senh(t)
tg(t)sec²(t)tgh(t)sech²(t)


Funções inversas da trigonometria hiperbólica
É possível definir a função inversa de cosh, que será identificada por arccosh, assim como de todas as outras funções trigonométricas hiperbólicas. O procedimento é semelhante em todos os seis casos.
Se cosh(u)=t, obteremos o valor de u em função de t, denotando-o por qualquer uma das duas formas abaixo:
u = arccosh(t) = cosh-1(t)
Pela definição dada na parte inicial desta página, segue que:
t = cosh(u) = ½(eu + e-u)
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2t = eu + 1/eu
Tomando eu=x, obteremos 2t=x+1/x, ou seja, x²-2tx+1=0. Resolvendo esta equação do segundo grau em x e usando a notação R[z] para a raiz quadrada de z>0, obteremos:
eu = x = t + R[t²-1]
Aplicando o logaritmo natural a ambos os membros dessa igualdade, obtemos:
u = log(t+R[t²-1])
Assim, a função inversa de cosh é a função definida por:
arccosh(t) = cosh-1(t) = log(t + R[t²-1])


Integrais difíceis e Aplicações
Com a trigonometria circular
Para calcular separadamente, por métodos comuns, cada uma das integrais:
    
teremos dificuldades, mas se calcularmos as duas ao mesmo tempo, teremos o nosso trabalho facilitado! A soma e a diferença dessas duas integrais juntamente com as relações da Trigonometria circular,
cos²(t) + sen²(t) = 1
cos²(t)-sen²(t)=cos(2t)
teremos

resolvendo o sistema:
C + S = 
C - S = 0
obteremos,
C = S = /2

Aplicação: Já sabemos do Ensino Fundamental que a área do círculo envolvido pela circunferência x²+y²=r² é dado por A=r². Podemos obter tal resultado através de uma integral com uma substituição trigonométrica.
Explicitaremos y em função de x e consideraremos esta função no primeiro quadrante para obter para 0<x<r:
y(x) = R[r²-x²]
em que a notação R[z] representa a raiz quadrada de z>0.
A integral dessa função no intervalo [0,r] nos fornece a área A que corresponde à área da quarta parte do círculo.
Usando a mudança de variáveis x=rsen(t), dx=rcos(t)dt, obteremos:

Com a trigonometria hiperbólica
Para calcular separadamente, por métodos comuns, cada uma das integrais:
    
teremos dificuldades, mas se calcularmos as duas ao mesmo tempo, teremos o nosso trabalho muito facilitado!
A soma e a diferença dessas duas integrais juntamente com as relações da Trigonometria hiperbólica,
cosh²(t) - senh²(t) = 1
cosh²(t)+senh²(t)=cosh(2t)
nos dá:
U - V = x
U + V = ½ senh(2x) = senh(x).cosh(x)
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U = ½(x+senh(x).cosh(x))
V = ½(-x+senh(x).cosh(x))

Aplicação: Obteremos a área da região do 1o. quadrante localizada sob a hipérbole x²-y²=1, acima do eixo OX e à esquerda da reta x=t.
Usaremos a integral com uma substituição trigonométrica hiperbólica. Inicialmente, explicitando o valor de y em função de x e consideraremos esta função no 1o. quadrante para obter, com 1<x<t:
y(t) = R[x²-1]
A integral dessa função no intervalo [1,t] nos fornece:
Com a mudança de variáveis x=cosh(v), dx=senh(v)dv teremos a integral indefinida:
I = integral(R[cosh²(v)-1] senh(v)dv)
  = integral(senh²(v))dv
  = ½[-v + senh(v).cosh(v)]
Voltando às variáveis originais, poderemos escrever:
I = ½ (-arccosh(x) + x R[x²-1])
Desse modo, a área desejada será dada por:
Área = ½(-arccosh(t) + t R[t²-1])
ou então,
Área = ½(-log(t + R[t²-1]) + t R[t²-1])

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